Anticoncepcional: um guia de métodos contraceptivos

Você provavelmente já está cansada de ouvir falar sobre camisinha, pílula anticoncepcional e gravidez indesejada. Mas a verdade é que, mesmo que exista uma conversa sobre métodos contraceptivos, a discussão ainda é rasa e muitas pessoas não têm acesso a informações detalhadas e de confiança sobre esse assunto. 

 

Você sabia que acesso à contracepção e saúde sexual está inscrito como um direito humano, pela própria ONU (Organização das Nações Unidas), desde 1995? Segundo a Organização, informação confiável e liberdade de decisão quanto à sexualidade e reprodução são fundamentais para assegurar a universalidade de políticas públicas.

 

Por outro lado, complicações por conta de gravidez precoce segue sendo a segunda maior causa de morte de meninas entre 15 e 19 anos no mundo [fonte], e estima-se que 1 a cada 5 bebês nascidos no Brasil são filhos de mães adolescentes [fonte].

 

Esses dados só demonstram que precisamos naturalizar a discussão sobre métodos contraceptivos para ontem! ? E foi pensando nisso que elaboramos esse guia, para conversar abertamente com você, não só sobre cada um dos métodos disponíveis, mas também sobre questões de responsabilidade, história e cultura que são impossíveis de ignorar. Quer entender melhor como chegamos até aqui e como você pode decidir qual o melhor método para você? Saca só! 

 

 

O direito à saúde sexual e contracepção 

 

Os direitos humanos das mulheres incluem seu direito a ter controle e decidir livre e responsavelmente sobre questões relacionadas à sua sexualidade, incluindo a saúde sexual e reprodutiva, livre de coação, discriminação e violência. Relacionamentos igualitários entre homens e mulheres nas questões referentes às relações sexuais e à reprodução, inclusive o pleno respeito pela integridade da pessoa, requerem respeito mútuo, consentimento e divisão de responsabilidades sobre o comportamento sexual e suas consequências. (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 1995)

 

Após uma série de conferências internacionais, a saúde sexual feminina finalmente atingiu seu status de direito humano universal em 1995. Também sabemos hoje que o surgimento e popularização da pílula anticoncepcional no Brasil na década de 60 foi um dos principais responsáveis pela movimentação da mulher para o mercado de trabalho, trilhando o caminho para que nossas mães e avós pudessem viver de forma mais independente e passar a tomar suas próprias decisões.

 

Pode parecer pouca coisa para a gente hoje, mas imagine que por muito tempo, mulheres foram subjugadas ao marido, ao pai ou ao líder religioso, ora tendo pouco ou nenhum controle de quando iriam engravidar, ora tendo que optar pela abstinência sexual como única forma de controle sobre o próprio corpo. 

 

É muito importante saber que: tudo que temos hoje é fruto de uma série de acontecimentos históricos. Entender a história pode nos ajudar a entender melhor o nosso presente, os tabus com que lidamos até hoje e até mesmo a falta de informação que ainda assola muitas meninas e mulheres. 

 

E apesar de todas as conquistas que tivemos nas últimas décadas, ainda estamos longe do ideal. Grandes grupos populacionais ainda têm seus direitos humanos e sexuais violados, como é o caso da população LGBTQIA+, pessoas que vivem com HIV/Aids, pessoas que exercem a prostituição, pessoas com deficiência, população carcerária e, finalmente, adolescentes. É isso mesmo! Adolescentes podem ser considerados um grupo vulnerável quando se trata de saúde sexual e reprodutiva, em grande parte por conta da falta de informação e do moralismo pesado que ainda enfrentamos em nosso país.

 

? Desde a Constituição de 1988, crianças e adolescentes são considerados como sujeitos de direitos, ao contrário da legislação anterior que considerava meninos e meninas como propriedades dos seus pais. Dessa forma, é um direito seu entender o que é contracepção e quais são os perigos e riscos que uma vida sexual ativa pode trazer, além de ter acesso garantido ao seu anticoncepcional de escolha. E é exatamente sobre isso que vamos discutir!

Anticoncepcional: o que preciso saber? 

 

Hoje em dia, temos tantas opções de métodos contraceptivos no mercado que fica até difícil conhecer as particularidades de cada um deles. Abaixo, trouxemos todos os anticoncepcionais que existem, como eles funcionam e quais são as principais indicações. Mas antes, vamos bater um papo bem sério? 

 

Uso ideal vs Uso típico do anticoncepcional 

 

Cada método contraceptivo possui instruções próprias e específicas de uso. Quando fazemos uso de um anticoncepcional sem nos atentar ao chamado uso ideal, as chances de o método falhar e, portanto, da gravidez acontecer, aumentam significativamente. 

 

Por exemplo, o uso ideal da pílula anticoncepcional é caracterizado pela tomada diária e sempre no mesmo horário. O uso ideal da camisinha masculina é caracterizado pelo uso em todas as relações e durante toda a duração da prática sexual, não apenas no momento da penetração.


Mas o que vemos comumente, e que chamamos de uso típico destes métodos são situações como: tomar a pílula cada dia em um horário diferente ou até mesmo esquecer de tomar alguns dias, o uso do preservativo só no momento da penetração ou apenas em algumas relações sexuais, e assim por diante.

 

Independentemente do método de sua escolha, se atente sempre ao uso ideal. Busque se informar em lugares confiáveis (como o E aí, rolou? ?) e preze sempre pela instrução médica. O seu ou sua ginecologista está mais do que preparado para te ajudar a utilizar o anticoncepcional de forma adequada!

 

Como escolher o melhor anticoncepcional para mim?  

 

Marque uma consulta com um profissional ginecologista de sua confiança. Ele ou ela saberá exatamente que perguntas te fazer, que exames pedir e que aspectos levar em consideração ao fazer uma recomendação.  Não existe uma fórmula mágica, um método ou uma combinação de métodos ideal para todo mundo.

 

É muito importante contar com a ajuda médica e com uma boa dose de autoconhecimento e autoavaliação.

 

 

Quais são os métodos contraceptivos? 

 

Os métodos contraceptivos podem ser classificados em métodos comportamentais (abstinência sexual, coito interrompido, método do muco cervical, tabelinha), métodos de barreira (camisinhas feminina e masculina, diafragma, capuz cervical, esponja), métodos hormonais (pílula anticoncepcional, adesivos, injeções, SIU, anel vaginal, implante) e métodos não-hormonais (DIU de cobre, laqueadura, vasectomia). Saiba mais detalhes sobre cada um deles: 

 

Compare os métodos contraceptivos

 

Métodos
Eficácia
Protege contra doenças e infecções Impactos no ciclo menstrual  Facilidade de uso
Abstinência sexual  Baixa mesmo no uso ideal Não totalmente Nenhum Requer muito autocontrole 
Coito interrompido  Baixa mesmo no uso ideal Não Nenhum Requer muito autocontrole, existe risco mesmo feito corretamente
Método do muco cervical Baixa mesmo no uso ideal Não Nenhum Requer muita observação, ciclo pode ser irregular 
Tabelinha Baixa mesmo no uso ideal Não Nenhum Requer muita observação, ciclo pode ser irregular 
Camisinha masculina Alta no uso ideal Sim  Nenhum Deve ser utilizada em toda relação sexual
Camisinha feminina  Alta no uso ideal Sim  Nenhum Deve ser utilizada em toda relação sexual
Capuz cervical Alta no uso ideal Não Nenhum Requer prática 
Diafragma Alta no uso ideal Não Nenhum Requer prática
DIU de cobre  Alta no uso ideal Não Nenhum Precisa ser colocado por um médico
Vasectomia Alta  Não Nenhum É uma cirurgia irreversível
Laqueadura Alta  Não Nenhum É uma cirurgia irreversível
Espermicidas Baixa sozinho, alta no uso ideal Não Nenhum Precisa ser utilizado em toda relação sexual
DIU hormonal (SIU) Alta no uso ideal Não Pode diminuir o fluxo ou causar pequenas irregularidades Precisa ser colocado por um médico
Pílula anticoncepcional Alta no uso ideal Não Pode diminuir o fluxo ou causar pequenas irregularidades Deve ser tomada todos os dias no mesmo horário
Injeção anticoncepcional Alta no uso ideal Não Pode diminuir o fluxo ou causar pequenas irregularidades Deve ser tomada a cada 1-3 meses, dependendo das orientações
Anel vaginal  Alta no uso ideal Não Pode diminuir o fluxo ou causar pequenas irregularidades Deve ser usado por três semanas, com uma de pausa
Adesivo anticoncepcional Alta no uso ideal Não Pode diminuir o fluxo ou causar pequenas irregularidades Deve ser usado por três semanas, com uma de pausa 

 

Métodos comportamentais 

 

Os métodos contraceptivos comportamentais possuem essa classificação por não se pautarem em nada além do comportamento da pessoa com relação ao ato sexual. Eles não contam com hormônios ou outras substâncias, ou proteções chamadas de barreiras

 

Abstinência sexual

 

ilustração anticoncepcional abstinência sexual

Este é, talvez, o método mais simples de explicar: ao não engajar em nenhum tipo de prática sexual (envolvendo pênis e vagina, especialmente), você automaticamente elimina as chances de gravidez indesejada e IST’s (Infecções Sexualmente Transmissíveis). Faz sentido, né? Mas não é bem assim! ?

 

Segundo a UNESCO, programas que incentivam a abstinência sexual como único método contraceptivo são considerados menos eficazes e potencialmente prejudiciais para a saúde de adolescentes, já que estão usualmente atrelados à ausência de informações sobre sexualidade, masturbação e reprodução. 

 

Outro ponto importante é: existem diversas formas de se estimular prazer sexual em uma pessoa. Quando pensamos em abstinência sexual como método contraceptivo, estamos imaginando o sexo somente como penetração vaginal – o que não é sempre o caso. Pesquisas já demonstraram que somente 16% das mulheres sentem prazer somente com penetração, contra os 60% que afirmam que o estímulo da genital num geral é a maior fonte de prazer. 

 

É importante ressaltar que doenças e infecções sexualmente transmissíveis podem ser transmitidas mesmo sem penetração. Mais abaixo vamos falar um pouco sobre preservativos, que são a única maneira segura de se prevenir contra esse risco.

 

Coito interrompido 

 

Este método é uma das formas mais antigas de tentativa de prevenção de gestação. O coito interrompido consiste em, basicamente, retirar o pênis da vagina antes que aconteça o orgasmo e, consequentemente, evitar que a ejaculação ocorra dentro do corpo da mulher. 

 

Este método exige muito autocontrole e confiança, o que faz dele também extremamente não confiável. Além disso, é comum acontecer a liberação de um conteúdo seminal antes da ejaculação, que pode conter espermatozoides. Dessa forma, ainda que o coito interrompido seja realizado da forma correta, o risco de uma gravidez acontecer segue sendo alto

 

Este método não apresenta prevenção alguma a infecções sexualmente transmissíveis, o que também faz dele um método falho e não confiável.

 

Método do muco cervical 

 

anticoncepcional métodos contraceptivos muco cervical

Este método, também chamado de método de Billings, consiste na observação da secreção de muco produzida pelo colo do úteroe presente no canal vaginal, que pode servir para determinar os dias de ovulação e, consequentemente, o período fértil durante o mês.

Durante o ciclo menstrual, por influência da produção de estrogênio, majoritariamente, a característica do muco cervical vai se modificando.

Ele passa de uma secreção mais densa e esbranquiçada, característica do início da secreção de estrogênio e, portanto, do início do ciclo, a um muco mais transparente, escorregadio e viscoso, semelhante à clara de ovo cru, característico do período ovulatório. A ideia deste método, então, é evitar qualquer relação sexual assim que esse muco começa a ser liberado, já que ele indica a aproximação da ovulação.

 

É um método extremamente não confiável, pois depende de um autoconhecimento gigantesco por parte da mulher e está altamente suscetível a erros. Além disso, ele também não previne a contração de infecções sexualmente transmissíveis. 

 

Tabelinha 

 

anticoncepcional métodos contraceptivos tabelinha

Similar ao método anterior, de controle do muco cervical, a tabelinha consiste em monitorar de perto o estágio do seu ciclo menstrual e optar por ter relações sexuais somente nos períodos não férteis. Isso pode ser feito através de flutuações da temperatura corporal, observação de secreções e um autoconhecimento muito grande. 

 

O método da tabelinha é falho e não confiável. Acompanhar o seu ciclo, entender os seus processos e aprender a verificar seus períodos de fertilidade pode ser uma prática espetacular para nossa saúde e bem estar, mas a irregularidade natural de nossos ciclos e as chances de esquecer de algo ou registrar alguma informação errada podem te colocar em risco de uma gravidez indesejada. 

 

Além disso, este método não previne a contração de doenças e infecções sexualmente transmissíveis. 

 

? Claro que a escolha é individual de cada uma de nós, mas aqui no E aí, rolou? não recomendamos nenhum método contraceptivo comportamental. Existem muitas outras opções mais eficazes!

 

 

Métodos de barreira  

 

Métodos contraceptivos de barreira consistem em anticoncepcionais que impedem a entrada do líquido da ejaculação masculina no útero. Eles usualmente funcionam exatamente como barreira, seja diretamente no pênis ou na entrada do útero ao final do canal vaginal. 

 

Camisinha externa 

 

anticoncepcional métodos contraceptivos camisinha masculina

A camisinha externa, mais comumente chamada de camisinha masculina, consiste em um revestimento fino, desenhado para acomodar o pênis ereto. Ela é geralmente feita de látex ou poliuretano e possui um reservatório em sua ponta que coleta o sêmen, evitando que ele entre no canal vaginal.

 

Após a relação, essa película deve ser retirada cuidadosamente, evitando que o líquido vaze, e devidamente descartado. Este método não conta com hormônios, então não tem nenhum impacto sobre o seu ciclo menstrual. Algumas pessoas podem apresentar alergia a um ou mais componentes da camisinha.

 

? Um novo preservativo deve ser usado a cada relação sexual. A camisinha masculina não pode ser reutilizada.

 ? Não é recomendado usar duas camisinhas, seja uma sobre a outra ou que cada parceiro utilize uma camisinha. Isso porque o atrito causado durante a relação pode causar rasgos e furos em seu material, diminuindo drasticamente sua eficácia.

Os preservativos externos existem em diversas formas, tamanhos e materiais, que acabam atendendo necessidades e gostos particulares. Este método também atua na prevenção contra doenças e infecções sexualmente transmissíveis, sendo muito confiável quando usado corretamente. 

 

Além disso, é importante reforçar que esse tipos de preservativo também deve ser usado em toda prática sexual que envolva brinquedos (sex toys). É possível haver contaminação por meio deles, então, é bom sempre ficar sempre esperta! 

 

Camisinha interna

 

anticoncepcional métodos contraceptivos camisinha feminina

A camisinha interna, chamada popularmente de camisinha feminina, age de forma bastante parecida com a camisinha externa (masculina). Ela também consiste em uma película fina de poliuretano que é introduzida no canal vaginal antes da relação sexual, impedindo o contato do espermatozoide com o colo do útero. Este preservativo não possui hormônios, então não tem impacto algum no seu ciclo menstrual. 

 

A camisinha interna deve ser introduzida no canal vaginal antes da relação acontecer, devendo ser retirada com cuidado pela extremidade aberta e descartada. A camisinha interna pode exigir um pouco de prática (alô, autoconhecimento!) e algumas mulheres podem sentir certo desconforto com seu uso.  

 

Da mesma forma, este preservativo deve ser utilizado em toda relação sexual e não é recomendado que se use mais de um preservativo por vez, já que existe o risco de que o atrito cause rasgos em seu material. Além disso, não é recomendado o uso da camisinha feminina em conjunto com a masculina, pelo mesmo motivo.

 

? Tanto a camisinha feminina quanto a masculina não requerem receita médica para serem utilizadas.

 

? Aqui no E aí, rolou? recomendamos o uso da camisinha feminina ou masculina em toda relação sexual, independente da existência de outros métodos contraceptivos. Isso porque este é o método mais eficiente na prevenção de infecções sexualmente transmissíveis.

 

Capuz cervical

 

anticoncepcional métodos contraceptivos capuz cervical

O capuz cervical se assemelha bastante a um plug, geralmente feito de silicone ou látex macio, possuindo uma forma redonda que se encaixa na entrada do colo útero, impedindo que o líquido da ejaculação chegue até o útero. 

 

Este método deve contar com um profissional ginecologista para averiguar o tamanho adequado, além de ser pouco confiável se utilizado sozinho. O capuz cervical pode ser uma opção interessante para prevenção de gravidez quando usado em conjunto com um espermicida (falamos sobre ele mais para frente!), por exemplo. Novamente, consulte um médico antes de optar por este método.

 

O capuz deve ser introduzido na vagina antes de cada relação sexual. Essa introdução pode requerer um tanto de prática por parte da mulher. A má colocação do capuz cervical aumenta a chance de uma gravidez indesejada, já que os espermatozoides podem entrar pelas áreas que não foram devidamente ocluídas.

 

O capuz é geralmente utilizado com um espermicida, deve ficar no lugar por pelo menos 6 a 8 horas após a relação e deve ser retirado em até 24 horas, para evitar infecção.

 

Este método não possui hormônio, portanto não impacta no seu ciclo menstrual. Ele é pouco confiável por si só (mesmo usado corretamente), além de não proteger contra doenças e infecções sexualmente transmissíveis.

 

Diafragma 

 

anticoncepcional métodos contraceptivos diafragma

O diafragma é um disco flexível, geralmente feito de látex ou silicone, que pode ser encaixado no canal vaginal para bloquear a passagem do líquido da ejaculação. Assim como o capuz cervical, ele apresenta uma maior eficácia quando usado em conjunto com espermicidas, já que possíveis brechas podem ser o suficiente para uma gravidez indesejada acontecer. 

 

O diafragma deve ser inserido no canal vaginal antes da relação sexual e, como mencionado, é geralmente utilizado junto com o espermicida. Ele deve ficar no lugar por pelo menos 6 a 8 horas após a relação e deve ser retirado em até 24 horas, para evitar infecção.

 

Caso o sexo aconteça mais de uma vez, o espermicida deve ser reaplicado. Além disso, conte sempre com ajuda de um profissional da saúde para averiguar o tamanho ideal do diafragma. De tempos em tempos, você também deve checar se o diafragma está intacto, já que possíveis danos em sua estrutura podem afetar sua eficácia. 

 

O diafragma em conjunto com espermicidas, assim como os preservativos e o capuz, deve ser utilizado em todas as relações sexuais e durante toda a relação, não apenas no momento da penetração. O diafragma não protege contra infecções sexualmente transmissíveis.

 

Métodos não-hormonais

 

Os métodos contraceptivos não-hormonais levam essa classificação por não contarem com terapias hormonais em sua composição. Todos os métodos mencionados acima podem também ser considerados não-hormonais, porém suas particularidades comportamentais ou de barreira os diferenciam um pouco dos seguintes: 

 

DIU de cobre

 

anticoncepcional métodos contraceptivos DIU

DIU é a sigla para Dispositivo Intrauterino, sendo ele um pequeno dispositivo em formato de T. Existem as versões hormonais (que vamos explicar mais adiante) e também essa versão chamada DIU de Cobre, que não é hormonal, mas conta com um fio que libera íons de cobre, provocando uma reação inflamatória local, tornando o ambiente do útero hostil ao espermatozoide, com uma ação espermicida, além de alterar a produção do muco cervical, impedindo, portanto, a fertilização de óvulos.



Apesar de não ser hormonal e, dessa forma, não alterar sua produção de hormônios, o DIU de cobre pode modificar seu padrão de sangramento pela ação local provocada pelo dispositivo, aumentando o fluxo de sangramento e, eventualmente, as cólicas menstruais.

 

Este método contraceptivo deve ser inserido por um médico e você deve ser acompanhada por ele até se adaptar ao método. A ação dele permanece eficaz até 5 a 10 anos após a inserção, dependendo do tipo de dispositivo escolhido.

 

É um método contraceptivo de longa duração muito eficaz e confiável, entretanto ele não protege contra infecções sexualmente transmissíveis. 

 

Vasectomia 

 

anticoncepcional métodos contraceptivos vasectomia

Também conhecida como esterilização masculina, a vasectomia é um método contraceptivo cirúrgico e permanente. Ele consiste em um corte nos tubos que levam os espermatozoides dos testículos ao pênis no momento da ejaculação. O procedimento é realizado com anestesia local. 

 

Após o procedimento, o homem segue ejaculando normalmente, mas o líquido sai livre de espermatozoides. A vasectomia não afeta a libido ou desejos sexuais, somente a fertilidade. Este método claramente precisa do acompanhamento médico para ser realizado. 

 

Alguns procedimentos de esterilização masculina podem ser revertidos, mas, geralmente, são permanentes. A eficácia é alta, porém se recomenda que outros métodos sejam utilizados em conjunto. Este método não é muito acessível, pode ter complicações do próprio procedimento como dor e infecção, e não protege de infecções sexualmente transmissíveis.

 

Laqueadura

 

anticoncepcional métodos contraceptivos laqueadura

Também conhecida como esterilização feminina, a laqueadura é um método contraceptivo cirúrgico e permanente. Geralmente o procedimento é feito sob anestesia geral (o que aumenta o tempo de recuperação) e consiste em cortar um fragmento da tuba, impedindo que o óvulo chegue até o útero depois da ovulação. Após o procedimento e o tempo de recuperação, a laqueadura não afeta a libido da mulher, somente a fertilidade.



Este procedimento deve contar com acompanhamento médico, não é reversível, e pode causar complicações relacionadas ao próprio procedimento como dor, sangramento e infecções, além de não proteger contra infecções sexualmente transmissíveis.

 

? No Brasil, a lei 9.263 de 1996 regulamenta que a esterilização permanente somente poderá ser realizada em homens e mulheres com capacidade civil plena e maiores de 25 anos ou com dois ou mais filhos vivos (www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9263.htm).

 

Espermicidas

 

anticoncepcional métodos contraceptivos espermicida

Espermicidas podem ser espumas, cremes ou pastas que contém compostos químicos que inativam ou matam o espermatozoide durante o deslocamento dele no no canal vaginal.

 

Existem muitas opções no mercado, todos agem de maneira parecida e devem ser combinados com outros métodos para garantir uma melhor eficácia, e devem ser usados em todas as relações sexuais e desde o início delas. Espermicidas não são eficazes sozinhos.

O espermicida deve ser colocado no fundo do canal vaginal, bem próximo ao colo do útero, geralmente com o auxílio de um aplicador vaginal que vem com o produto.

 

Quando outro método for utilizado em conjunto com outros métodos de barreira, o que é aconselhável, alguns ajustes podem ser necessários, converse com o seu ginecologista para que você saiba como adaptar o uso do espermicida ao seu método de escolha. Você pode ainda usar os espermicidas em conjunto com as camisinhas internas e externas, aumentando sua eficácia.

 

É muito importante se atentar à data de validade do espermicida antes de usá-lo, além de prestar atenção em sua composição e ficar esperta com possíveis alergias e irritações que ele pode causar. Consultar um médico ginecologista é fundamental. Este profissional pode te ajudar a entender se o espermicida é uma boa opção para você.

 

Espermicidas não possuem hormônios, portanto não impactam no seu ciclo menstrual. Eles também não protegem contra infecções sexualmente transmissíveis. 

 

Métodos hormonais

 

Os métodos hormonais, por sua vez, como o próprio nome já diz, são métodos que contam com a ação de hormônios sintéticos (estrogênio e progesterona) para fazer a contracepção. Alguns combinam os dois hormônios, outros possuem somente progesterona. Os métodos hormonais podem ser tomados, injetados, inseridos no canal vaginal ou no útero, aplicados à pele ou implantados sob a pele. 

 

DIU hormonal – SIU 

anticoncepcional métodos contraceptivos SIU

Assim como o DIU de cobre, que já mostramos aqui, o chamado Sistema Intrauterino (SIU) é um pequeno dispositivo em formato de T que é inserido no útero pelo médico. A diferença neste caso é que ele contém um reservatório de progestina, um hormônio sintético que vai sendo liberado lentamente, que afina o revestimento interno do útero (endométrio) e altera o muco cervical, dificultando a motilidade do espermatozóide. Uma vez colocado, o SIU age por até 5 anos.

 

Este método é bastante confiável e eficiente na contracepção, mas não protege contra doenças e infecções. Pode ser uma boa opção para quem está buscando contracepção a longo prazo, mas deve sempre ser escolhido com a ajuda de um médico ou médica ginecologista. 

 

Por se tratar de um método hormonal, ele pode ter impactos em seu ciclo menstrual. Algumas mulheres podem sentir que a menstruação está menos intensa e frequente, algumas vezes podendo inclusive interromper os sangramentos, enquanto outras apresentam cólicas e sangramentos irregulares. Além disso, sangramentos de escape podem acontecer nos primeiros meses. Estes sintomas são normais, porém busque sempre fazer o acompanhamento com um profissional. Este método não protege de infecções sexualmente transmissíveis.

 

Pílula anticoncepcional 

 

anticoncepcional métodos contraceptivos pílula anticoncepcional

A pílula anticoncepcional é um método contraceptivo hormonal de ingestão. São pequenas pílulas contendo hormônios que devem ser tomadas todos os dias, de preferência no mesmo horário, independente da frequência com a qual relações sexuais acontecem.

 

Você pode encontrar a pílula combinada, que contém estrogênio e progestina, já a minipílula é uma alternativa para meninas e mulheres que não se dão muito bem com anticoncepcionais à base de estrogênio, contendo somente a progestina. As duas pílulas anticoncepcionais atuam impedindo que os ovários liberem óvulos durante o ciclo menstrual e engrossando o muco cervical, o que dificulta a locomoção do espermatozoide. 

 

A pílula anticoncepcional requer muita responsabilidade e organização. Voltando em nossa discussão sobre uso típico e uso ideal, a pílula é um excelente exemplo de eficácia altíssima quando tomada corretamente, porém, apresenta riscos de uma gravidez indesejada quando tomada incorretamente. 

 

Este método pode impactar positivamente o seu ciclo menstrual, aliviando fluxos mais intensos e doloridos. Nunca tome nenhum tipo de pílula anticoncepcional sem antes consultar com um médico ou médica ginecologista. A pílula anticoncepcional não protege de doenças e infecções sexualmente transmissíveis. 

 

 

Injeção anticoncepcional 

 

Este método contraceptivo hormonal conta com uma injeção periódica de hormônios, que podem ser uma combinação de progestina e estrogênio, ou então a progestina isolada. A injeção anticoncepcional atua da mesma forma que a pílula, evitando que os ovários liberem óvulos e deixando o muco cervical mais espesso. A diferença é que essas injeções podem ter efeitos que duram de um a três meses, dependendo do tipo. Se você optar pela injeção, seu médico ou um farmacêutico podem fazer a aplicação. 

 

Este método é bastante eficiente quando aplicado devidamente por um profissional de saúde e o tempo entre as injeções é rigorosamente respeitado. Por conter hormônios, esse método pode impactar no seu ciclo menstrual, causando sangramentos irregulares ou ausência de menstruação em alguns meses. Algumas pessoas podem apresentar dores de cabeça e alteração de humor no período de adaptação. 

 

A injeção anticoncepcional não protege contra doenças e infecções sexualmente transmissíveis.

 

Implante

 

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O implante se trata de um pequeno bastão flexível que contém o hormônio progestina. Este bastão é colocado pelo médico por debaixo da pele, geralmente na parte interna do braço. Uma vez colocado, ele libera o hormônio pelo corpo todo e funciona como outros métodos hormonais, impedindo a liberação de óvulos e engrossando o muco cervical. 

 

Este método dura até três anos, sendo uma boa alternativa para contracepção a longo prazo. Um médico deve sempre ser consultado para este procedimento. O implante hormonal não protege contra infecções e  doenças sexualmente transmissíveis. 

 

Assim como outros métodos hormonais, o implante pode impactar o seu ciclo menstrual, além de poder apresentar efeitos parecidos com o da pílula hormonal na fase de adaptação. 

 

Anel vaginal

 

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O anel vaginal nada mais é do que um anel feito de plástico macio e flexível que contém e libera progestina e estrogênio. Estes hormônios atuam da mesma maneira que em outros métodos hormonais: evita a liberação de óvulos e deixa o muco cervical mais grosso.

 

O anel fica posicionado na parede da vagina, podendo ser inserido assim como um absorvente íntimo ou coletor menstrual. Quando colocado corretamente, ele não incomoda é deve ficar onde está por três semanas. Ao final deste período, você deve retirá-lo e dar uma pausa de uma semana, colocando um novo anel em seguida. 

 

Se o anel sair do lugar, você pode ajustá-lo por até três horas sem perder a eficácia contraceptiva. Passada essa janela de tempo, um método de contracepção de barreira deve ser utilizado em conjunto se relações sexuais forem acontecer. Consulte um médico ou médica ginecologista antes de usar o anel vaginal.



Apesar da alta eficácia atrelada a métodos hormonais, o anel possui uma dificuldade inicial para aprender a inserir o anel no canal vaginal, principalmente para mulheres que ainda não possuem intimidade com o próprio corpo ou com qualquer tipo de produto de uso intravaginal. Novamente, o uso ideal provê boa eficácia na prevenção de gravidez, mas o uso típico pode oferecer riscos.

 

O anel vaginal não protege contra infecções ou doenças sexualmente transmissíveis. Além disso, por se tratar de um método hormonal, ele pode desregular ou interromper totalmente a menstruação, além de outros efeitos como dores de cabeça e flutuação de humor.  

 

Adesivo anticoncepcional 

 

anticoncepcional métodos contraceptivos adesivo anticoncepcional

O adesivo anticoncepcional consiste em pequenos adesivos que contém os hormônios estrogênio e progestina e podem ser colados em diversas partes do corpo (nas costas, nádegas, braços ou no abdômen). Eles atuam como todos os outros métodos hormonais, impedindo os ovários de liberar óvulos e espessando o muco cervical.  

 

O adesivo deve ser posicionado na parte do corpo escolhida e lá fica por uma semana. Passado esse tempo, você deve trocar por um adesivo novo. Após três semanas, dê uma pausa no uso do adesivo – durante essa semana, sua menstruação deve descer. Depois, você repete esse mesmo ciclo.  O adesivo anticoncepcional é bastante eficiente em seu uso ideal. Tome cuidado, pois este método pode ter problemas, como o adesivo descolar. Converse com um médico ou médica ginecologista, tanto para pegar a receita para o adesivo quanto para tirar dúvidas quanto à posição. 

 

O adesivo anticoncepcional exige responsabilidade para manter seu uso correto. Por se tratar de um método hormonal, o adesivo pode impactar o seu ciclo menstrual, tanto amenizando menstruações mais intensas quanto em pequenos sangramentos irregulares. Além disso, ele não previne contra doenças e infecções sexualmente transmissíveis. 

 

Pílula do dia seguinte 

 

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A pílula do dia seguinte, ou melhor ainda contraceptivo de emergência, consiste em um único comprimido que deve ser tomado em até 72 horas após a relação sexual desprotegida. 

 

A pílula tem uma atuação parecida com a dos outros métodos hormonais, porém a sua dosagem é bastante alta e concentrada, o que lhe dá a característica emergencial. Entretanto, ela pode acarretar diversos efeitos colaterais e realmente só é indicada em último caso (camisinha romper, violência sexual, etc). O nome pílula do dia seguinte se popularizou bastante, mas não se deixe enganar: este método pode ser bastante perigoso e deve ser evitado ao máximo

 

Como escolher meu anticoncepcional?

 

Para escolher o método contraceptivo que mais se adeque às suas necessidades, o ideal é consultar com um ginecologista. Esse especialista irá orientar você e tirar todas suas dúvidas sobre anticoncepcionais, sexualidade e ciclo menstrual. Aproveite e agende uma consulta com um ginecologista.

 

 


Referências: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde sexual e saúde reprodutiva / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2010. 300 p. : il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n. 26) Pedro, Joana Maria. A experiência com contraceptivos no Brasil: uma questão de geração. Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 23, nº 45, pp. 239-260 – 2003 Qualificando os números: estudos sobre saúde sexual e reprodutiva no Brasil / org. por Paula Miranda-Ribeiro; Andréa Branco Simão. – Belo Horizonte: ABEP :UNFPA, 2008.  Taylor, Gordon Rattray. Sex in History. New York, NY: Harper & Row, c1970, 1973. UNESCO. International Technical Guidance on Sexuality Education. 2018 (revisado); p. 18. Disponível em inglês em: https://sxpolitics.org/wp-content/uploads/2018/02/260770e.pdf

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5. Pronto! É só aguardar as instruções de acesso por email e SMS para tirar todas as suas dúvidas com seu gineco!